sexta-feira, 5 de março de 2010

Entrevista Pedro Passos Coelho - 5


Continuação da entrevista de Pedro Passos Coelho ao Diário de Notícias e à TSF

É favorável a uma alteração dos estatutos que permita directas em duas voltas?

Há dois anos pronunciei-me publicamente de modo a sugerir que se previsse um mecanismo de segunda volta, para que a eleição do líder do PSD não fosse contestada pela percentagem que viesse a ser registada na eleição. Ninguém concordou.

Mantém o que defendia?

Sou coerente e mantenho a minha perspectiva. Não questionei a legitimidade da dr.ª Manuela Ferreira Leite pelo facto de ela só ter ganho com 37%...

Mas acha que poderia ter ganho se houvesse segunda volta no PSD, há dois anos?

Julgo que sim, mas não me tenho como predestinado e, portanto, não me tenho na conta de que, se as coisas tivessem sido sempre de outra maneira que não foram, ter-me-iam sido favoráveis.

O líder ficará sempre mais legitimado com essa segunda volta?

Julgo que sim. Não estou a dizer que alguém que não ganhe com 50% dos votos não esteja legitimado, eu não pus em questão a legitimidade da Dr.ª Manuela Ferreira Leite apesar de ela ter tido 37%.

Mas moveu-lhe uma grande marcação política durante dois anos.

É uma acusação que não faz sentido, porque se confunde muito a coesão dos partidos e a lealdade com que devemos estar nos partidos com a obediência e com o silêncio. E eu não defendo um partido de silêncio nem de apoios formais que sejam artificiais. A Dr.ª Manuela Ferreira Leite, para aquilo que foi essencial do partido, contou sempre com o meu apoio. Quando escolheu o Dr. Paulo Rangel para cabeça de lista ao Parlamento Europeu, nas eleições europeias, não houve um voto contra no Conselho Nacional. Nos momentos essenciais, nunca faltou à dr.ª Manuela Ferreira Leite o apoio político necessário para que alguém viesse dizer "há aqui um obstáculo àquilo que está a ser feito". Há aqui uma coisa que eu não tolero num partido democrático e que se eu for presidente do PSD nunca farei, que é apresentar um programa eleitoral do PSD sem ouvir democraticamente os órgãos que estão constituídos.

Acredita que Santana Lopes ainda espera por uma oportunidade?

Não tenho crenças sobre isso, não faço ideia. O Dr. Santana Lopes foi presidente do PSD, foi Primeiro-Ministro, foi um dos autores - senão o principal - desta ideia de que deveria haver um congresso extraordinário para debater ideias e para se debater as directas, para se debater outras matérias relativas ao interior do PSD, tem a sua capacidade eleitoral activa, não sei o que é que ele tenciona fazer.

O congresso pode ser importante para definir quem vai ser o líder?

O próximo líder do PSD vai ser escolhido pelos militantes. O congresso vai ocorrer numa altura em que aqueles que são candidatos à liderança estão praticamente em campanha eleitoral e, portanto, será um fórum em que os candidatos podem dizer o que pensam.

Se for eleito do PSD, contará com os seus dois adversários desta campanha para o futuro do partido?

Não farei a ninguém no PSD o que me fizeram a mim no passado. Por essa mesma razão, e porque não guardo ressentimentos nem tenho pedras no sapato, nem quero ajustar contas com ninguém, já disse: eleito presidente do PSD, os primeiros que chamarei para a primeira linha da intervenção política e partidária serão os que tiveram a coragem de se apresentar com um projecto à liderança.

A Dr.ª Manuela Ferreira Leite, consigo, poderá ser deputada?

Com certeza! A Dr.ª Manuela Ferreira Leite é uma pessoa que não só tem um passado no PSD como teve votos dentro do PSD. Não vejo o PSD como um grupo de amigos nem como um grupo de apoiantes. Ser presidente do PSD não é ser dono do PSD, da mesma maneira que ser primeiro-ministro do País não é ser dono do País.

Acha que foi assim que se comportou Manuela Ferreira Leite em relação a si nas últimas eleições legislativas?

Penso que o PSD deu uma imagem negativa ao País. O PSD deu a imagem, para o seu interior, que o Eng. José Sócrates deu para o exterior do País. E isso retirou credibilidade à mudança que o PSD podia ter trazido.

Pacheco Pereira é um dos seus maiores críticos. Também há lugar para ele nessa estratégia?

Não sou uma pessoa que cultive ódios políticos no PSD. Seja o Dr. Pacheco Pereira, pode agora desfiar uma lista de nomes, a começar naqueles que de forma pública mais têm insistido na necessidade de eu não ser eleito presidente do PSD. Se há razão patente para termos estado tantos meses à espera da marcação das eleições, foi uma forma de ver se alguém se candidatava contra mim.

Acha que pode ser prejudicado por ter criticado a Lei das Finanças Regionais e ter entrado em confronto com João Jardim?

Talvez, eu não entrei em confronto com o Dr. João Jardim.

Ele consigo, vai dar ao mesmo.

Ele criticou-me pelo facto de eu ter expressado uma opinião sobre a decisão do Parlamento alterar a Lei das Finanças Regionais, está no seu direito.

Ele começou a fazer campanha contra si na Madeira.

Parece-me um bocadinho abusivo que o Dr. Jardim se sinta sempre na posição de falar em nome de todos os madeirenses e de todos os militantes do PSD. E como eu acredito, ao contrário de muitos dos seus detractores, que na Madeira as pessoas decidem pela sua cabeça, julgo que é melhor esperar pelas eleições.

0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP