segunda-feira, 15 de março de 2010

Discurso do Presidente da Comissão de Honra de Pedro Passos Coelho, Paulo Teixeira Pinto

PORQUÊ E PARA QUÊ



Portugal está à espera.
Portugal está à espera do PSD.
Portugal está à espera que o PSD volte.
E o PSD vai voltar.
Vai voltar a ter de governar.
Vai ter de governar bem.
Vai ter de governar bem para cuidar bem da esperança de todos os que em si confiam.
Porque essa obrigação pode mais, bem mais, do que qualquer poder.

A verdadeira natureza da política é escolher.
O que implica querer uma coisa e, simultânea e consequentemente, recusar todas as que com ela conflituem. Neste caso o dilema é de uma clareza refulgente: ou se recolhe o prémio da vitória eleitoral para investir no futuro ou se subscreve uma apólice de usos passados.

A política existe moldada à realidade e não como adereço de uma utopia. Conviria, aliás, que aqueles que vivem a falar de sonhos descobrissem que só se sonha a dormir. E que é tempo de acordar.
É obrigatório estar bem desperto, porque o tempo vai adiantado e está perigoso. Talvez mesmo de vigília.
Em qualquer caso, pretender-se comparar putativas soluções ideais com aquelas raras que são as possíveis não é só uma prova de ingenuidade – é sintoma de conhecida maldade.

Acabou o tempo da murmuração e dos proto-candidatos. Quem quer que ache que tem algum impedimento a invocar que o diga agora, que é tempo disso, pois que a cerimónia não está ainda encerrada.
E esta é também a hora de quem se ache predestinado a grande ventura.
Calar agora obriga ao silêncio futuro.

A unidade faz-se depois das eleições – e unidade é o contrário de unanimidade. Mas isso também o sabe - aliás melhor do que ninguém - quem vive a vida a apreciar ou depreciar a vida dos outros.

Depois destas eleições não estará mais na disponibilidade do gosto ou do desejo de qualquer um apontar o trilho a seguir. A vantagem dos caminhos de sentido único é que ninguém pode ter dúvidas sobre a direcção a seguir. Aqui já não há encruzilhadas. Não há nada que enganar. É só seguir em frente e apoiar o melhor candidato.

E o melhor candidato nestas eleições para a liderança do PSD é Pedro Passos Coelho.

Direi agora porquê e para quê.



I. PORQUÊ

Só há uma boa razão para eleger um líder: conquistar e exercer o poder em nosso nome mas para o bem de todos. Tudo o resto que venha a ser alcançado poderá ser muito meritório mas é evidentemente irrelevante para este exercício. E quem falha no essencial também não serve para o acessório.

Consta da própria definição das regras do jogo político que não há nunca empates. Só há dois resultados possíveis: perder ou ganhar. E o que se ganha é sempre algo que a prazo, por natureza, estará também inelutavelmente perdido - o poder.

O que é um líder? É alguém que quando se candidata à função não causa estranheza nem tem de se justificar, porque a lógica da naturalidade é evidente e bastante.

É alguém que se candidata por si mesmo e não porque um faltou ou outro não foi capaz de arriscar.

É alguém que se candidata em coerência com um percurso e não porque julga ter ouvido apelos do além – que aliás são sempre d’aquém.

É alguém que sabe reservar o “Eu” para assumir responsabilidades e o “Nós” para evocar vitórias.

É alguém que quando se candidata o faz em resultado de um processo de maturação e não porque se pretenda providencial.

É alguém que quando se candidata não pode ter o despudor de dizer que o faz por sacrifício ou contrariado.

É alguém que não desconhece que as palavras grandiloquentes denunciam ou o vazio, quando declamadas num concurso de beleza, ou o perigo populista, se proclamadas no combate politico.

É, enfim, alguém que quando se candidata não diz “empurrem-me” mas sim “sigam-me”.

É também alguém que sabe que quem não ganha o partido não pode ganhar o País - e que quem não ganhar o Pais não pode querer governar.

É, portanto, alguém que sabe que a autoridade, tal como o respeito, não se herda nem se transfere – conquista-se.

É por tudo isto que o PSD não precisa de mais um presidente mas de um verdadeiro líder – um daqueles que por pensarem pela sua própria cabeça não carecem de uma bicefalia.

Um líder que tenha memória, porque quem não tem memória também não tem história e quem não tem história não tem futuro.



II. PARA QUÊ

A política é a distância que vai da mera gestão da conveniência pessoal ou tribal à real opção pelo bem comum. Assente isto, haja ânimo. Sem esquecer que também na política o exemplo é a melhor de entre todas as lições.

Nenhum programa substitui ou é alternativo da confiança. Este é o valor maior da política. Sem ela nada vale a pena. Mas só se confia no que se acredita. E só se acredita no que se conhece.
A credibilidade não é um meio para se poder vencer. É um princípio para procurar o fim último da política.

Uma agenda política própria significa dividir os temas entre duas grandes categorias: os que só são resolúveis mediante consensos e aqueles outros que não são negociáveis. Também aqui os últimos devem ser os primeiros.

Primeiro devem identificar-se os adversários políticos. Só depois se podem reconhecer os amigos. Porque só estes sabem que persistir significa fazer o que é devido. E que lealdade não quer dizer que sim a tudo.
Nenhuma revisão de regime ou mudança de sistema poderá contribuir mais para o restabelecimento de uma credibilidade mínima da política do que o respeito pelos adversários.

A escolha das pessoas é, a todos os níveis, a primeira e mais determinante de todas as decisões. E também a mais significativa. Logo aí se vê quem é quem. Os fortes de carácter e os tíbios de carreira. Os responsáveis bons procuram pessoas de qualidade. Não receiam nem invejam o brilho dos seus colaboradores. Pelo contrário, porque se sentem seguros de si mesmos, sabem que quanto melhores estes forem mais sucesso terão. Já os fracos preferem quem não se lhes possa comparar, pelo que invariavelmente se fazem acolitar de gente medíocre.
Os lugares políticos não são, por conseguinte, assuntos menores. Pelo contrário, são questões maiores e decisivas. Em política, ao contrário do que os costumes oficiais preceituam como sendo de bom tom, só há casos pessoais. Porque, como não há duas pessoas iguais, nenhuma escolha é indiferente. Além de que, até prova em contrario, a política só é feita por e para pessoas.

Avisa a prudência e aconselha a lucidez que nada de importante seja feito sem a devida e maturada reflexão. Em regra os problemas são todos surdos – isto é, não se resolvem por gritarmos com eles ou contra eles. Coisa diferente é dissimular a realidade. Felizmente que aqui ainda resta um último óbice: haver quem perceba e discorde.

A política pós-moderna tende a deixar de diferir de qualquer outro mercado. Ou seja, no limite, já (quase) não há Política mas tão só um mercado de ofertas públicas. Ora, não pode ser assim.
Não pode mais ser assim.
É preciso voltar à Política.
É precisa a Política.
Aquela mesma onde os titulares últimos do poder são os eleitores, ou seja, os mesmos cidadãos a quem também se chama, conforme as circunstâncias, consumidores, ou espectadores, ou utentes.

As consequências de não haver um confronto ideológico claro e real são várias e todas nocivas. Em primeiro lugar, porque fica seriamente prejudicado um dos principais atributos do sistema democrático, que consiste precisamente na alternância, não só de pessoas mas também de políticas. Em segunda razão, porque desta sorte se fermenta a potenciação das soluções e dos meios que mais manifestamente antagonizem o cânone vigente. Por outras palavras: é esta normalização de um pensamento único que fomenta, como directa e necessária consequência, o populismo. Que fere em primeira linha a moderação da razão. Independentemente do que os populistas possam pensar - se se der o caso de pensarem coisa alguma.

Acresce que também na política as melhores vias são as mais seguras. Mesmo quando a mais segura não seja a mais curta. Ponto é que se saiba onde se quer chegar. Realmente, se assim não fosse, para que serviria pertencer ao lado da maioria se se estivesse desacompanhado das próprias convicções?

A composição política não pode ser só um jogo. Seja este de prazeres ou de influências. É um trabalho nobre que implica uma responsabilidade grave. Afinal, o que há de maior alcance do que decidir sobre a vida de terceiros? Por isso, a opção política também não é apenas uma gestão de riscos. E não há risco maior do que se fazer apenas o que é conveniente e não o que deve ser feito.

Na política só um conselho é útil: não abrandar nunca o exercício do que se é suposto dever fazer, nem por mau tempo ou má sorte. Mesmo com o óbice da inconveniência ou a dor da contestação. Porque os compromissos estão para os interesses como as consequências estão para as causas.

Caminho recomendado: em vez do desvio das dificuldades e adversidades óbvias, que qualquer um sabe dizer onde estão, seguir directamente contra tais obstáculos.

Nem sempre se pode ter razão. Os erros são uma fatalidade. Mas em política deve sempre saber-se o que se quer e só querer o que se sabe ou pode fazer. As hesitações ou inflexões não são sinal de ponderação mas quase sempre da sua falta.

Também na política não há nada mais difícil do que a simplicidade.
E que outra razão melhor existe para fazer política do que empreender essa formidável demanda de converter o ideal em real e a pedra em pão, tornando cada dia menos insuportável?
Eis o mais ambicioso dos programas: cada dia, uma acção útil para todos - todos os dias.

Porque é nos princípios que residem os fins últimos da Política.

E que viva o PSD!

Por Portugal!

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