segunda-feira, 1 de março de 2010

Entrevista Pedro Passos Coelho - 1


O candidato à Presidência do Partido Social Democrata, Dr. Pedro Passos Coelho, concedeu uma extensa entrevista ao Diário de Notícias e à TSf.

Porque entendo ser um excelente documento sobre o perfil e o pensar de Pedro Passos Coelho publico, a partir de hoje e até à próxima Sexta-feira, o texto completo.


Se já fosse líder do PSD, teria viabilizado, em nome do combate à crise, este Orçamento?

Este Orçamento como está não serve ao País.

Mas a minha pergunta é muito directa: teria viabilizado, ou o PSD chumbaria este Orçamento?

Eu tive ocasião de dizer que, se fosse líder do PSD quando se iniciou esta discussão, teria dito que não aceitava viabilizar este Orçamento sem duas condições. Primeira: sem que o Governo aceitasse suspender todas as decisões que tinha tomado quanto a grandes obras públicas até elas poderem ser reavaliadas, porque são encargos que não se reflectem neste Orçamento mas que se vão reflectir nos 30 orçamentos dos 30 anos subsequentes a este e, em segundo lugar, sem haver um compromisso claro da parte do Governo de ter um Orçamento de combate à crise, que é como quem diz, de diminuição séria da despesa pública, mas já no ano de 2010!

Votaria contra, portanto?

Em consciência votaria contra, porque eu não posso, em nome de uma qualquer estabilidade, de uma paz podre para o País, viabilizar um Orçamento que sei que é um mau Orçamento. Essa, de resto, é a posição em que o PSD está hoje, ninguém percebe a posição do PSD, eu não percebo a posição do PSD. A Dr.ª Manuela Ferreira Leite disse-o publicamente, que viabilizaria este Orçamento do Estado não porque concordasse com ele mas porque do ponto de vista externo seria muito mau que o País não tivesse um Orçamento aprovado.

E não tem razão nisso?

Não, por esta razão: porque a Dr.ª Manuela Ferreira Leite veio agora dizer que este Orçamento não serve ao País e que coloca Portugal no estado da Grécia, que era aquilo que queríamos evitar! Das duas, uma: ou estamos a ficar como a Grécia - no pensamento da Dr.ª Manuela Ferreira Leite -, e ela tem obrigação moral e política de chumbar este Orçamento, e presta um serviço ao País mudando o Governo e o Orçamento, porque é isso que nos interessa, nós não podemos ter uma visão burocrática da política!

Tem ideia de que umas eleições a curto prazo seriam úteis para o País?

Umas eleições a curto prazo podem ser inevitáveis se o Governo não assumir as suas responsabilidades.

Estamos a falar de Maio, Junho, porque é a janela de oportunidade que vai haver.

Se o Governo assumir as suas responsabilidades, eu julgo que deve ficar claro que ninguém no País - e muito menos eu - quer abrir uma crise política. Mas o Governo tem de assumir responsabilidades, não pode vir dizer "agora precisamos muito do apoio do PSD para apresentar um Programa de Estabilidade e Crescimento em Bruxelas que seja credível", que é como quem diz, que tenha medidas muito difíceis mas só as tomamos em 2011 e 2012! Porque é que não começa já?!

O PEC vai ser apresentado dentro de dias, as eleições do PSD vão ser depois. Qual será a posição do presidente do PSD, se for o seu caso?

A minha posição é muito clara: se o Governo quer o apoio do PSD para implementar um Programa de Estabilidade e Crescimento, com medidas difíceis de combate à crise, tem de assumi-las já em 2010 no Orçamento do Estado.

Mas qual PSD? Neste momento há um PSD que vai deixar de lá estar, daqui a um mês.

O PSD tem eleições, como é patente, não sei o que os outros candidatos à liderança do PSD têm expressado nesta matéria, ainda não os ouvi falar sobre esta matéria. Mas atrevo-me a dizer que não será por causa do PSD que o Governo terá falta de apoio para apresentar um Programa de Estabilidade e Crescimento que esteja ao nível das responsabilidades que hoje o País enfrenta. Não será, seguramente, por causa do PSD!

Da sua parte, estará pronto para disputar eleições num curto prazo, em Maio, Junho?

Se o Governo não governar o País e não apresentar, ainda nesta oportunidade, um Orçamento diferente que sirva aos interesses do País, eu acho que é preferível que nós possamos devolver a palavra aos portugueses para a escolha de um outro Governo. Mas também digo que só faz sentido ter um outro Governo e um outro Primeiro-Ministro depois de haver eleições.

(continua)

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