quinta-feira, 4 de março de 2010

Entrevista Pedro Passos Coelho - 4


Continuação da entrevista de Pedro Passos Coelho ao Diário de Notícias e à TSF

E de que sectores é que acha que o Estado não deve sair?

Não vejo nesta altura nenhum problema em que o Estado possa sair da área das chamadas “utilities”, portanto, da água, da energia, não vejo nenhum problema nisso. Não quer dizer que o Estado não deva fixar regras para essa área e que, em alguns casos, sendo accionista, não possa concessionar a gestão desses equipamentos a privados. Há várias modalidades e esta ideia de poder recorrer à gestão privada para equipamentos públicos não é assim tão irrelevante.

Está a ser testado na saúde.

Foi testado unicamente na saúde, e o PS acabou com essa experiência. Foi no “Amadora-Sintra”. Fazia falta que o Governo pudesse seleccionar um conjunto de equipamentos na área da saúde que viesse a concessionar a respectiva gestão a privados, de modo a criar dois termos de comparação entre a gestão pública de equipamentos públicos com a gestão privada de equipamentos públicos. Tenho a certeza de que aquilo que o Tribunal de Contas vem dizendo, que há um desperdício entre 25 e 30% na área da saúde, tenderia a ser evitado. Se me pergunta se alguns destes instrumentos foram bem utilizados, penso que não. Mas isso não quer dizer que seja um erro do instrumento que foi utilizado. Há parcerias público-privadas em que o Estado assegura toda a cobertura dos riscos e em que transfere para os contribuintes todo o risco que está associado ao negócio, e deixa aos privados aquilo a que se chama o “filet mignon”. Isso é errado. Não posso concordar que o Estado faça contratos com privados em que são os contribuintes que cobrem os riscos todos, suportam todo o custo, e deixamos os lucros apenas para os privados. Esta não é uma boa forma de fazer gestão pública, mas é infelizmente a que tem vindo a ser seguida.

Foi o primeiro candidato a assumir-se, e cedo se percebeu que muitos dos chamados notáveis do PSD estavam a tentar encontrar outros candidatos. Neste momento há três candidatos, acha que é o candidato do PSD mais rural, mais popular, contra o PSD das elites?

O PSD precisa de mudar, para poder ajudar a mudar o País. Aquilo que eu penso é que o PSD tem hoje uma oportunidade de fazer uma escolha entre candidatos que se apresentam na continuidade do que tem vindo a ser a estratégia seguida pelo PSD, e que foi uma estratégia que conduziu à derrota eleitoral, e uma candidatura que está limpa dessa responsabilidade, isenta dessa responsabilidade, e que representa um virar de página, uma renovação e um caminho novo para o PSD. Quer o Dr. Aguiar Branco quer o Dr. Paulo Rangel são candidaturas que emergem em primeiro lugar do âmbito da direcção política actual do PSD, o Dr. Aguiar Branco é Vice- Presidente do PSD e da Dr.ª Manuela Ferreira Leite, o Dr. Paulo Rangel foi praticamente benzido como o herdeiro desejado pela Dr.ª Manuela Ferreira Leite.

São duas faces da mesma moeda?

Não sei se são duas faces da mesma moeda, mas são duas candidaturas que representam o “statu quo” do PSD, um “statu quo” que saiu derrotado e que é responsável por hoje termos também um Governo do PS ainda a governar o País. O PSD tem uma oportunidade de fazer uma coisa diferente no País, que é acabar com a perspectiva do discurso sombrio, do derrotismo nacional, de que estamos sem possibilidades de escolha, de que, venha quem vier, a política terá de determinar não direi um inferno, mas uma desesperança enorme para as pessoas, como se as dificuldades que enfrentamos não tivessem de ser vencidas porque há pessoas e porque queremos com um espírito positivo e alguma esperança melhorar a situação em que estamos.

É desta vez que o PSD vai deixar de ser um partido rachado a meio entre duas sensibilidades que vão alternando na liderança?

O pior que pode acontecer ao PSD é a paz podre, é as pessoas no PSD não saberem o que defendem e qual é o caminho que querem trilhar. Não é possível unir o PSD sem primeiro saber o que é que as pessoas pensam e querem, mas uma vez tomada essa decisão, uma vez confrontados os candidatos com as suas ideias e avaliado quem é que melhor pode alargar o espaço eleitoral do PSD para poder oferecer ao País uma fórmula de governo que seja durável, aí sim, aí é preciso fazer alguma coisa pela unidade do PSD. Dos candidatos que se apresentaram a esta eleição, e fui o primeiro a fazê-lo, não me candidatei contra ninguém…

Ainda faltará algum candidato?

Não faço ideia, o prazo ainda não terminou para a apresentação de candidaturas, não posso falar pelos outros.

(continua)

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