quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Antestreia do filme Mar Português


Hoje às 21h30, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, com entrada livre.

Quando invocamos o “Mar Português” talvez já não falemos do mar imaginado que Fernando Pessoa decantou no seu inolvidável poema... O mar como palco da odisseia histórica dos portugueses persiste nas narrativas ficcionais e no imaginário colectivo, mas exprime-se, cada vez mais, num culto nostálgico da memória das grandes fainas marítimas.

Importa evitar que Portugal e o Mar quebrem a sua aliança poética, quase mítica e bem alojada no imaginário colectivo. Mais importante, porém, será que o "Mar Português" deixe de ser uma referência identitária vaga e pouco mais que lírica; uma ideia conveniente, mas incapaz de colocar e vencer desafios concretos.

Ontem como hoje, o "Mar Português" só existe se for ousadamente conhecido.

O uso económico do mar deixou de estar centrado na exploração de recursos biológicos e limitado à navegação para pesca e transporte. Mais depressa do que os génios da Guerra Fria conseguiram imaginar, os recursos oceânicos não vivos adquirem uma importância extraordinária. Gás, petróleo, minerais e sulfuretos são produtos chave da “nova economia marítima”; uma cadeia de valor assente nas potencialidades geradas na ciência e inovação e nos imperativos da sustentabilidade da exploração dos recursos.

A escassez de recursos vivos marinhos, o crescimento da população mundial e o impacto das alterações climáticas obrigam, porém, a admitir os cenários mais sombrios: mais de metade dos recursos piscatórios do Planeta encontram-se ameaçados devido às práticas de pesca excessiva. Os diagnósticos mais alarmantes declaram o século XXI como o último em que as sociedades humanas se poderão alimentar com alimentos selvagens de origem marinha...

A condição de Portugal como Estado costeiro de grandes dimensões, dotado da maior Zona Económica Exclusiva dos países da União Europeia, e a inviabilidade de uma economia marítima centrada na extracção de recursos vivos marinhos – a pesca e indústrias derivadas – impõem uma nova relação com o mar.

Realização de Francisco Manso
Guião de Álvaro Garrido

(em colaboração com a RTP2)
Intervenções de Mário Soares, Emílio Rui Vilar, Jorge Wemans e Francisco Manso.

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