segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A indústria da palha

O ministro Lino, do deserto e do jamé, tem um sucessor à altura.

A propósito do malfadado TGV, o novo ministro das Obras Públicas falou em Lisboa como praia de Madrid, no surf como novo desporto e até, imagine-se, na portentosa indústria da palha do séc. XIX, dizimada com o aparecimento da locomotiva a vapor.

Que a ignorância sempre foi atrevida, não é novidade. Mas é de bradar aos céus que sejam utilizados argumentos deste calibre para justificar tão ruinosa obra, desejada por certos iluminados, na tentativa desesperada de nos ligar à civilização moderna a alta velocidade.

E aqui está a triste metáfora do país: por um lado, um país de burros, atrasados, longe do progresso civilizacional, a puxar carroças; por outro, um grupo de opulentos industriais da palha, aproveitadores, sedentos e ansiosos por encher os bolsos à custa do Estado, sempre preparados para a negociata que cheira a esturro.
E aqui ficamos nós, conformadamente no apeadeiro, a aguardar a chegada de um comboio salvador, que substitua os burros por seres pensantes e extermine os detestáveis industriais da palha.

Descrição do “estado de coisas”, pela pena lúcida de Pacheco Pereira, com transcrições do discurso do ministro.

0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP