segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Artigo no Jornal Notícias da Portela

Deixo-vos neste post a transcrição de um artigo escrito por mim e publicado na edição nº 70 do Jornal Notícias da Portela datada de 19 de Dezembro.

Mas antes de vos deixar com o dito artigo, gostaria de fazer aqui uma especial referência a algumas pessoas que estiveram envolvidas neste processo:

1. Ao Filipe Esménio que há vários anos fundou este jornal e teve sempre a força e dedicação necesárias para nunca deixar morrer aquele que é um projecto de referência na Portela.

2. Ao meu amigo Nuno Carvalho ( que muitos conhecem por Pardal ) por sempre me ter incentivado a partilhar as minhas opiniões com os portelenses e a não deixar de acalentar a vontade de, um dia, escrever para o NP ( como carinhosamente muitos portelenses tratamos o nosso jornal ).

3. Ao Nuno Soares ( conhecido pelo Botas ) com quem várias vezes converso e que raramente tem as mesmas perspectivas do que eu mas nutre uma notável paixão pelas coisas em que acredita e me faz sempre acreditar ainda mais que tudo vale a pena desde que o coração esteja no sítio certo.

4. Ao Nuno Graça ( o Stromberg ) com quem falo sobre tudo e sobre nada mas que, acima de tudo, me faz ver que sentir a Portela é um estado de espírito e que, mesmo quando a vida nos leva para menos perto da Portela, o coração não nos deixa sair de lá.

5. Ao Nuno Luz com quem abordei a minha vontade de escrever para o Notícias da Portela e que foi inexcedível em ajudar-me a concretizar este anseio antigo.

6.Ao Manuel Monteiro, do NP que foi impecável no trato comigo em todo o processo que culminou com a publicação do artigo que abaixo vos deixo.

A todos os que referi, bem como a todos os leitores do Notícias da Portela, deixo o meu muito obrigado.

Aqui fica então o supracitado artigo:

" CAMPANHAS ELEITORAIS. Que futuro?

Com os actos eleitorais nacionais de 27 de Setembro e de 11 de Outubro voltaram as campanhas eleitorais e tudo o que elas sempre envolvem. Voltou o reboliço por parte de candidatos e eleitores em torno de tudo o que envolve e influencia os grandes processos eleitorais em Portugal e no mundo.

Quem conseguiu fazer de conta que não reparou nas acções de campanha que aconteceram um pouco por todo o território nacional? Quem pôde fugir aos panfletos? Quem não parou um segundo para olhar para os cartazes na rua? Quem não abriu uma das muitas cartas dos candidatos que chegaram à sua caixa do correio? Quem não gastou alguns minutos a ver as notícias nos telejornais nacionais dedicadas ao tema eleições? Quem não teve curiosidade de folhear um jornal em busca de mais informação acerca dos processos eleitorais nacionais? Quem não prestou mais atenção, do que o normal, às sondagens que iam sendo divulgadas?

Julgo que, quando chega a altura de eleições, todos estamos mais do que preparados (talvez em alguns casos até imunes) para tudo isto. Todos estamos também conscientes que, até ao dia do final do processo eleitoral, teremos de tomar decisões. Afinal… não faz isso parte do exercício da democracia?

Mas será que no futuro as campanhas serão como há muito nos habituámos? Será que as formas de transmissão de pensamentos e projectos políticos se manterão iguais?

É sobre o futuro das formas de discutir política que gostaria de gastar algumas linhas. Gostaria de o fazer pois julgo que talvez estejam a chegar ao fim, em Portugal, as campanhas eleitorais como as conhecemos.

As últimas eleições americanas demonstraram que não existe apenas uma forma de levar a mensagem ao eleitorado. A campanha de John McCain tornou claro que a classe política não pode andar a um ritmo diferente da sociedade. O movimento cívico criado em torno de um, até então, quase desconhecido Barack Obama refutou todas as teorias que defendiam que apenas alguém com um percurso político longo e sedimentado na sociedade poderia agregar milhões. O fervor com que milhares novos eleitores americanos aderiram às ideias de Obama deitou por terra argumentos, tidos como infalíveis, por parte de quem defendia que demorariam décadas até que existissem causas mobilizadoras das novas gerações.

O que importa também perceber é que o sucesso da campanha do então Senador Barack Obama não residiu apenas nos seus extraordinários dons de oratória, expressão corporal e até mesmo de encenação. Na minha óptica, o grande ingrediente da receita que levou Obama a conquistar a presidência dos EUA foi uma extraordinária percepção de que não seria possível passar qualquer mensagem (por mais mobilizadora que ela fosse) sem uma forma devidamente ajustada à mesma. David Axelrod, David Plouffe, Robert Gibbs e outros membros do staff de Obama compreenderam isso e procuraram adaptar o que julgaram uma mensagem jovem a uma nova gama de recursos existentes no mundo para transmissão de informação.

Se é inegável que os métodos utilizados pela campanha Obama foram inovadores no que ao marketing político diz respeito, julgo também o ser que, a partir de agora, não será possível passar uma mensagem (qualquer que ela seja) de forma eficaz sem aliar antigas formas de comunicação a novas realidades como o MySpace, o Facebook, o Youtube, o Twitter, Podcasts, ou Blogs.

A sociedade actual tem características diferentes da de há uns anos e e o mundo está, logicamente, em constante evolução. Assim sendo, cabe a quem pretende representar eficazmente os interesses dos cidadãos falar claro e não apenas falar verdade. E fazê-lo, hoje em dia, é impossível sem compreender as novas tecnologias e as novas formas de comunicar.

Será que, no nosso país à beira-mar plantado, faltará muito para que o rosto das campanhas eleitorais mude à luz das novas realidades que referi? Será que poderemos continuar muito mais tempo sem ter campanhas eleitorais adaptadas à evolução tecnológica à escala mundial?

Não quero arriscar uma resposta mas também não posso deixar de terminar de outra forma que não seja dizendo que, no meu entender, apenas há um rumo a seguir e esse é claramente o da inovação.

Ricardo Andrade "

7 comentários:

José Luís Figueira segunda-feira, 11 de janeiro de 2010 às 15:08:00 GMT  

Parabéns ao autor Ricardo Andrade e ao jornal Notícias da Portela.

Parabéns ao Ricardo porque, na minha opinião, entende(u) a evolução do perfil da nossa sociedade e da impossibilidade de qualquer acção de marketing - as campanhas eleitorais são acções de marketing - alhear-se do público alvo e da necessidade de se socorrerem das ferramentas existentes e adoptadas quotidianamente pelas pessoas.

Parabéns ao Notícias da Portela porque tem permanecido como um órgão de comunicação de grande qualidade, com os valores éticos e deontológicos que vão faltando a outros títulos congéneres e que, por isso mesmo, continua a ser uma referência importante no universo da imprensa regional portuguesa.

José Luís Figueira

Tiago Mendonça segunda-feira, 11 de janeiro de 2010 às 16:12:00 GMT  

Em primeiro lugar, uma nota para o NP, que, efectivamente, faz serviço público na Portela, mantendo um Jornal periódico, com várias informações importantes para o comum dos portelenses.

Por outro lado, e descendo ao artigo, referir que concordo inteiramente com as palavras aqui deixadas pelo Ricardo Andrade. É para mim claro, e também me tenho batido por fazer chegar essa mensagem, que o paradigma de fazer campanhas mudou. Hoje em dia, as redes sociais e a blogosfera assumem um papel fundamental em qualquer campanha política, já que permitem a difusão da mensagem política, em larga escala e a baixo custo, numa óptima combinação de factores, que faz com que este meio, seja nos nossos dias e cada vez mais no futuro, a melhor forma de passar a mensagem política.

Em Portugal, à esquerda, Alegre deu o pontapé de saída para a sua candidatura presidencial, através do Facebook e do seu Blogue Social. Noutras campanhas, externas ou internas, constatamos que muitas vezes através de Blogues se dá o pontapé de saída para muitas coisas, umas com mais, outras com menos calma.

Assim, tudo visto, e tendo em conta também o que já disse noutros fóruns, os actores políticos em altura da campanha necessitam de ter uma preparação (não volto a dizer qualificação) diferente da que era necessária há duas dezenas de anos. E no domínio interno, temos um bom exemplo, dado, precisamente, por um dos autores deste blogue, o José Luís, que arrancou a sua campanha para a freguesia do Prior Velho com um blogue fantástico que não deixou indiferente ninguém no Prior Velho.

Enfim, os meus parabéns ao Ricardo Andrade por este magnifica artigo. Congrega, na perfeição, a razão de um dos mais astutos estrategas políticos que o nosso partido dispõe com a vontade de querer inovar e romper com as barreiras tradicionais a que nos habituámos, campanha após campanha.

Ricardo Andrade terça-feira, 12 de janeiro de 2010 às 11:52:00 GMT  

Caros Tiago e José Luís,
Obrigado pelos elogios que me dirigiram apesar de julgar que é o NP quem os merece todos na íntegra!
Dizer-vos também que, na política como na vida, alhearmo-nos do que é a evolução do mundo que nos rodeia é o pior dos erros.
Um grande abraço para ambos.

Filipe Esménio terça-feira, 12 de janeiro de 2010 às 13:05:00 GMT  

Agradecendo os elogios lembro que o todo é sempre a constru~ção a partir de um somatório de partes.

Assim é com o NP assim eu gostaria que fosse com o nosso Portugal. Sera que deixam?

Anónimo terça-feira, 19 de janeiro de 2010 às 06:21:00 GMT  

Pois ainda a pouco te dizia...não gosto de discutir politica.

Ricardo lembro-me de ti desde o primeiro dia que te vi,como um politico...como alguem que quando não estava satisfeito com algo,protestava,perguntava o porquê de ter de ser assim.Para alguns isso foi visto como um defeito:um jovem que só queria jogar á bola e conhecer miudas seria o normal...tu não és assim continua pois agora mais que nunca precisamos de ti
ass. STROMBERG

Ricardo Andrade sábado, 23 de janeiro de 2010 às 10:36:00 GMT  

Caro Filipe,
Reitero que todos os elogios são mais do que merecidos.

Caro Nuno,
Há momentos na vida em que as palavras nos faltam...este é um deles.
Obrigado pelas palavras sentidas. Fizeram-me recordar tantos e tantos momentos do passado.
Fizeste-me lembrar e sorrir.
Quanto a precisar, não posso deixar de te dizer que, na verdade, sou eu é que preciso, como sempre, da vossa amizade, das vossas perspectivas, dos vossos conselhos.
Um enorme abraço.

Pardal quarta-feira, 27 de janeiro de 2010 às 15:41:00 GMT  

Caro Ricardo,

Antes de mais,mais uma vez tinhas razão ( não te habitues! ), não sei mesmo onde escrevi...Mas eu apenas acendi o rastilho para tu começares a partilhar com todos os Portelenses as tuas opiniões, a meu ver, como tu bem sabes, já deveria ter sido há mais tempo, mas tudo tem o seu tempo...Apenas digo és Grande! Continua, não percas nunca essa garra...

Caro Stromberg e Ricardo,

Vocês quase me fizeram chorar.....

Abraços,

Pardal

Abraço,

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