quinta-feira, 6 de maio de 2010

Arritmisas

Os Homens estão diferentes.
Os hábitos sociais estão profundamente alterados. Novos grupos sociais surgem com grandes diferenças, os homens e as mulheres que ficam solteiros e vivem sós, casais divorciados e filhos de pais separados, pessoas idosas que estão também isoladas, são apenas alguns dos sintomas de muitos de nós que ficam sem escolhas, Zequinha.
As exigências profissionais de uma sociedade altamente competitiva, o aceleramento progressivo do ritmo de vida, com as novas tecnologias de informação, o desejo e a necessidade de chegar mais rápido e melhor. As alterações são profundas e com consequências na vida das pessoas. Quantos te pisaram, quantos já quiseste ou chegaste a pisar, Zequinha?
Queres ser tapete? Ou queres ser sapato?
Em definitivo, o pronto-a-vestir ficou, o pronto-a-comer é hoje indispensável, as pessoas saem mais tarde dos empregos (as lojas estão abertas até mais tarde) novos tipos de comércio surgem (lojas de conveniência, dizem «Eles»). As televisões alargam os seus períodos de emissão, o «horário nobre» estende-se até altas horas da noite, as pessoas dormem menos porque se deitam mais tarde.
Os hábitos de consumo estão profundamente alterados, fenómenos de moda pegam com uma facilidade inimaginável há uns anos.
Haverá algo mais estranho do que a moda em que se aposta tudo hoje para que seja substituída o mais rapidamente possível?
Depois ficamos pelo caminho, com 20% da população a sofrer de depressão. Não temos pedal para as modas.
Vou ser anoréctica e compro uma blusa que vi na revista (embora não me sirva?). Fiz as duas coisas e, quando perdi peso, a blusa já não estava na moda.
A autonomia dos adolescentes parece também brutalmente precoce.
De muito jovem, se começa a fazer de tudo, tudo aquilo que se fazia, mas mais tarde.
Os padrões de exigência estão muito elevados, todas as pessoas procuram algo mais, por vezes a diferença e, no entanto, o Mundo é o mesmo, a mudança está presente, mas as arritmias são assustadoras. As pessoas ficam iguais ou tentam procurar ser diferentes. Basta olhar para os penteados à Beckam, ou para o número de herbívoros, perdão, vegetarianos, perdão, lácteo-vegetarianos, perdão. Já chega de pedir perdão. Abre os olhos, Zequinha.
Se é certo que o absurdo é não inovar, nem sempre que inovamos reformamos os sistemas.
Estamos na era do relativismo sistémico, o «tanto faz», o «que é que interessa?», o verdadeiro «estou-me a cagar».
O Mundo anda muito rápido, e o nosso modo de viver acelera deixando muita gente para trás, os que não acompanham o progresso são demais.
É costume esquecermo-nos de olhar para o lado, nem fazemos por mal, apenas temos pressa, pressa de chegar, pressa de fazer, somos pressionados pelo carro detrás e pelo patrão, pelos filhos ou pelos pais, pelos amigos, e quando não somos pressionados, pressionamos os outros porque já não sabemos viver sem pressão. Até no lazer se vive sobre pressão... A hora do Bairro, a hora da discoteca, a hora de chegar a casa... Calma, Zequinha.... Calma.
É verdadeiramente importante abrandar, pensar e viver, viver com trabalho, mas viver.
Calma, Zequinha, a auto-estrada está sempre no mesmo sítio, mas tu não tens de andar sempre a 200 km/h. Sorri e pensa bem se queres que o ritmo seja o «D’Eles», ou se queres criar o teu próprio ritmo.
Ainda estamos a tempo de tomar uma pílula social que encurte distâncias e tire o pé do acelerador que «Eles» tanto gostam de te impor, mecanizando-te. Quanto mais aceleras, mais «Eles» estão ricos, e tu desgastado, diminuído, enfraquecido e quando já não prestares... tens sempre um Zequinha pronto para te empurrar... cheio de vontade de acelerar.

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