quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Escolhida pelos pais


texto de Pedro Passos Coelho publicado no jornal I de 17 de Outubro 2009


A escola ideal para os meus filhos tem de ser, antes de mais, escolhida por mim e pela mãe. Este é um princípio que cada vez mais tem de ser assegurado: o Estado tem de garantir o melhor ensino escolar e pré-escolar possível, mas não pode discriminar ou onerar demasiado quem decide optar pela escola privada ou cooperativa.

Impor ou criar barreiras intransponíveis à escolha da escola dos nossos filhos é secundarizar o papel fundamental dos pais no processo educativo. Quero ter parte activa na comunidade escolar em que os meus filhos e a minha família se integram; quero ser ouvido nas questões que dizem respeito aos programas e aos demais aspectos do funcionamento da escola.

A escola tem de ser algo que transcenda o seu espaço físico e seja parte da comunidade. Um local onde valores fundamentais como a importância do trabalho, a disciplina, o rigor, a criatividade, o respeito pelo outro e a tolerância sejam percepcionados e assimilados como base para toda a vida. A aprendizagem não pode ser um valor por si próprio, mas um instrumento útil.

Aberta ao mundo, a escola dos meus filhos tem de compreender as novas dinâmicas sociais e as novas realidades. Apesar de a multidisciplinaridade ser muito importante - onde, por exemplo, a educação física e a musical têm de deixar de ser parentes pobres - as disciplinas fundamentais como o Português, a Matemática, a História, a Filosofia, as Ciências, o Inglês têm de fazer parte do tronco básico de qualquer plano curricular.

Uma escola onde o aluno seja o centro de toda a actividade, mas onde o papel primordial do professor seja valorizado, promovido e respeitado. O professor deve ser a referência, o interlocutor entre a comunidade e a escola, o guardião em quem confiamos e a quem devem ser dados meios para melhor ensinar e se fazer respeitar. Por esta razão, a escola ideal deve também ter maior capacidade para escolher os seus professores.

Quero que a escola - neste caso, a pública - continue a ser, com as suas qualidades e defeitos, o grande factor de mobilidade e coesão social como o tem sido desde o 25 de Abril. Não pode deixar de o ser.

A escola ideal para os meus filhos, sem nunca esquecer a sua função essencial de local de aprendizagem, tem de abrir horizontes e não definir caminhos; ensinar a pensar e estimular o espírito crítico e não premiar os comportamentos mecânicos de replicação técnica e social; promover a liberdade e a responsabilidade como as duas faces da mesma moeda; mostrar que só através do trabalho e da inovação podemos melhorar a nossa vida e a dos outros.

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