Portugal? Brasil?

Ao passar os olhos pela crónica de Ricardo Araújo Pereira na Revista Visão ( que abaixo vos deixo ) não pude deixar de pensar para mim nas enormes semelhanças entre o que se tem passado na vida política portuguesa e aquilo a que o povo brasileiro se habituou a ver no seu país.

Senão vejamos:

. Por Terras de Vera Cruz, inúmeros têm sido os escândalos em que a entourage do Presidente Lula tem estado envolvida sem que o mesmo seja responsabilizado pelas muitas práticas erradas por parte dos seus mais directos colaboradores. Aliás, já se tornou comum por aquelas bandas ouvir cidadãos a desculpabilizar o presidente dizendo que ele é apenas um coitadinho que não pode ser responsabilizado pelos amiguinhos que tem.
. Por Terras Lusitanas, começamos a habituar-nos a escândalos protagonizados por pessoas muitíssimo próximas do Primeiro-Ministro José Sócrates sem que se veja uma preocupação real em apurar o verdadeiro envolvimento de quem lidera o governo do nosso país. E já começamos a achar normal que, mês a mês, mais escândalos dos amigos de Sócrates sejam revelados.

Que bom constatar que a nossa vida política se assemelha à de um país onde a mesma está, historicamente, carregada de ilegalidades, irregularidades ou escândalos, não é?

Não sabíamos retirar exemplos de outras áreas da sociedade brasileira? E assim termos mais do que um Ronaldo, um Figo ou um Rui Costa de muitos em muitos anos?




" Diz-me a quem telefonas, dir-te-ei quantas certidões terás na PGR
Primeiro foi a família. Agora, são os amigos. Falta, evidentemente, o cão. Parece óbvio que vai ser o bicho a protagonizar o próximo escândalo
7:46 Quinta-feira, 19 de Nov de 2009

Pimeiro, foi a família. Dois ou três tios de José Sócrates, em estreita colaboração com quatro ou cinco primos, produziam declarações diárias que eram embaraçosas para o primeiro-ministro, além de serem muitas vezes embaraçosas para eles mesmos. Quase toda a gente que tinha relações de parentesco com José Sócrates falou à comunicação social a propósito do processo Freeport e confessou um envolvimento mais ou menos profundo no caso. Não houve primo em terceiro grau que não tivesse um dia almoçado com um vizinho de uma senhora que conhecia um amigo do caddy de Charles Smith que não tenha vindo revelar tudo para a imprensa. De repente, a própria mãe do primeiro-ministro apareceu envolvida num escândalo que, tendo embora menores proporções, conseguia, ainda assim, o propósito de escandalizar.
A vida do chefe de governo deve deixar-lhe pouco tempo para a vida pessoal, mas, durante aqueles meses, sempre que o primeiro-ministro queria ver a família, bastava-lhe assistir ao telejornal da TVI. Deve ser reconfortante.
Agora, são os amigos. Armando Vara está metido em sarilhos, o que não deixa de ser surpreendente. Trata-se de um homem brilhante que, de acordo com a página do Millenium BCP na internet, concluiu uma pós-graduação ainda antes de se licenciar. Pós-graduar-se sem antes se graduar constitui uma manobra académica que não está ao alcance de qualquer intelecto.
Mais: apesar de ter concluído a licenciatura já depois dos 50 anos, Vara ainda conseguiu chegar a administrador de bancos, o que o transforma, provavelmente, no mais feliz emblema do programa Novas Oportunidades. Infelizmente, aparece agora ligado a um caso de corrupção, no âmbito do qual se registaram conversas telefónicas que manteve com José Sócrates, e cujo conteúdo é, ou gravíssimo, ou absolutamente inócuo.
Falta, evidentemente, o cão. Se Sócrates tem um cão, sugiro que o submeta a vigilância apertada. Parece óbvio que vai ser o bicho a protagonizar o próximo escândalo. Ninguém sabe se fez um desfalque nas latas de ração, se alçou a pata para uma árvore protegida, se foi visto a cheirar o rabo do cão do Presidente. Mas alguma coisa terá feito. E a justiça há-de deixar no ar a ideia de que se trata de qualquer coisa grave, ideia à qual a comunicação social dará o eco devido. E, no final, o caso terá um desfecho terrivelmente inconclusivo. " R.A.P.